terça-feira, 23 de setembro de 2014

Quarenta anos sem o “homem que calculava”

Crédito: Arquivo pessoal/malbatahan.com.br
Richard Romancini

Quando criança, li uma história que me impressionou muito: era a narrativa de um homem que amava o silêncio. Ele acreditava ser a pessoa que mais cultivava a paz resultante da ausência de sons. Um dia, ele descobriu que havia um “clube dos silenciosos”, no qual pessoas como ele podiam compartilhar – sem palavras – esta preferência. Era um lugar agradável, no qual, dizia-se, reinava absoluto silêncio. Interessadíssimo, o homem quis tornar-se sócio e foi se reunir com o presidente.

A comunicação se deu por escrita e gestos. O presidente logo informou que seria impossível que o pretendente entrasse no clube. Ele indagou a razão, e o presidente – com todo o cuidado exigido – fez uma mímica em que lançava uma pena num copo cheio de água. Depois, jogava toda a água fora, só restando a pena.

“Quer dizer que com minha entrada todos sairão” – concluiu o homem. “Mas por quê?” – quis saber. Então, o presidente conduziu-o pelo clube, numa parte em que estavam vários sócios e, à medida que ele se aproximava das pessoas, elas afastavam-se apavoradas. Quando, ao fim, o presidente levou o homem até a porta de saída, ele desvendou o mistério, ao apontar o relógio do candidato: o mero tic-tac da engrenagem era motivo de tormento para os membros do clube dos silenciosos...

A história é uma, entre muitas outras, narrada pelo professor, matemático e escritor brasileiro Júlio César de Melo e Sousa, mais conhecido pelo pseudônimo com que assinava seus livros: Malba Tahan. Nascido em 1895, ele morreu em 18 de junho de 1974, ou seja, há 40 anos. Sem lembrar esta efeméride, em maio passado, o jornalista (que chegou a ser correspondente no Rio de Janeiro) e escritor inglês Alex Bellos escreveu no seu blog no jornal The Guardian uma postagem sobre Sousa, definindo-o como “um dos mais inspiradores divulgadores da matemática no mundo”.

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