sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Mídias na Educação - Relatos de pesquisa e formação
Condorcet, a matemática e as mídias


Rogerio Eijo Miyahira*

Participante da 1ª Oferta do Curso de Especialização em Mídias na Educação, realizado, pelo Núcleo de Comunicação e Educação-ECA/USP, em parceria com a CEAD/UFPE, tive oportunidade de adentrar num ambiente acadêmico que contribuiu efetivamente para a minha formação, ajudando a tornar-me um autor de projetos e conteúdos educacionais nas diferentes linguagens, bem como me posicionar criticamente a respeito de minha prática e do papel desempenhado pelas tecnologias de comunicação na criação de um novo ambiente educacional. Consequentemente, conheci práticas educomunicativas que me permitiram refletir pedagogicamente, tendo em vista a busca de ser um educador reflexivo e preocupado em repensar estratégias em sala de aula, sentindo-me mais seguro para incorporar as mídias como meio de comunicação e expressão ao meu processo de ensino-aprendizagem.

A estrutura dos Cursos Básico e Intermediário, disponibilizados pelas tutoras, suportaram a elaboração de fichamentos e resenhas das leituras sugeridas para a definição do tema da minha linha de pesquisa. Mas, não foi assim tão seguro, sendo que de imediato começaram os momentos de incertezas e dificuldades, tanto na estrutura monográfica, quanto na falta de conhecimento sobre as obrigações que poderiam surgir e que fatalmente surgiram durante o processo de desenvolvimento, assim como, os aspectos formais de um projeto de pesquisa.

No momento da avaliação da minha linha de pesquisa, houve vários senões que quase inviabilizavam a iniciação da monografia. Ocorreu uma dúvida: não seria desta vez que eu realizaria o meu projeto acadêmico em favor de um ensino público democrático e de qualidade, pois faltavam suportes importantes, entre elas, a falta de vivência em leituras que embolavam todas as ideias sequenciais derivada dos saberes adquiridos, ou seja, faltavam coerência, coesão e comunicação textuais.

Porém, já no Curso Avançado, a minha orientadora e agora amiga Carmen Lúcia vislumbrou na minha pesquisa um tema inédito e atual. E, pelo seu profissionalismo e a sua disponibilidade, ensinou-me a não desistir dos objetivos, mesmo que eles pareçam estar tão distantes. Com este incentivo e vários encontros na ECA/USP, passei pela qualificação e pude defender a ideia de que Condorcet, um matemático, iluminista e maçônico francês, foi, de certo modo, um precursor do uso das mídias na educação. Seus ideais, os mesmos da Revolução Francesa, em 1789, para um ensino universal, laica e pública para todos, contém o germe que foi utilizado em vários países, inclusive no Brasil, através da LDBEN 9394/96.

Sobre Condorcet, posso dizer que deixou obras escritas, no passado, para o futuro e para a posteridade nas áreas da educação e das humanidades, e desenvolveu um grande projeto inovador no ensino francês, revelando-se um visionário da educação ao sistematizar a implantação do saber matemático através de livros, formalizando a profissão dos professores de matemática, facilitando, assim, a multiplicação desses conhecimentos através da universalização de estratégias como o ensino a distância para todos e democratizando as descobertas de novas invenções para as ciências. Evidenciada como uma criação humana, e sendo a base do desenvolvimento das linguagens digitais, a Matemática possibilitou o desenvolvimento de um sistema de numeração de base binária, formada por circuitos eletrônicos (chips), numa linguagem que permite a interface entre o homem e a máquina.

Atualmente, o produto desta revolução eletrônica e virtual, muda radicalmente o foco da escola, que antes se baseava no ensino de ler, escrever e contar através dos professores conteudistas/transmissivistas, passando agora a se focar em mídias digitais na arte da imagem como comunicação, antevendo uma nova revolução na informática, inserindo-as na discussão em torno da educomunicação.

É neste cenário que se processa uma revolução do conhecimento e na forma de expressão dos nossos alunos, ajudando o educador na mediação e no uso das imagens tecnológicas da comunicação nas suas atividades. Portanto, concluí que os conceitos, os procedimentos e as atitudes condorcetianas, nos ajudaram a chegar às grandes conquistas que as ciências trouxeram às mídias na educação.


* A partir de abordagem de pesquisa peculiar e válida, do ponto de vista do interesse e da possibilidade de pensar sobre temática do curso, o autor desenvolveu sua monografia (“Condorcet: o precursor do uso das mídias na educação”), orientado pela professora mestre Carmen Lúcia Melges Elias Gattás, relacionado o pensamento do iluminista Condorcet com a Educação Matemática e as mídias na educação.

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