sexta-feira, 6 de junho de 2014

Censura no cinema: da abertura política aos dias atuais


Cláudia Mogadouro

Nos anos 1970, apesar da censura severa, houve um crescimento de filmes denominados pornochanchadas, que eram comédias populares, bastante comerciais, com pitadas eróticas. O cinema no Brasil sempre teve muita dificuldade de financiamento. É uma produção que tem um pé na arte e outro na indústria. Para conquistar o público e sucesso mercadológico, os poucos produtores investiam em roteiros simples, com apelo comercial e popular. Filme erótico sempre teve público, mas como driblar a censura? A maioria dos filmes chamados de pornochanchadas traziam histórias tão fracas, que os cortes da censura afetavam pouco, já que o público desses filmes não estava preocupado com a trama.

A partir da intensificação da repressão, os censores estavam mais atentos às “ameaças” do comunismo, e aos valores do capitalismo e da religião, como a propriedade privada e a família. Alguns censores entendiam que erotismo no cinema era também ação dos comunistas. A ligação é absurda, mas foi registrada por escrito. Um dos censores publicou que “os agentes do comunismo internacional servem-se da dissolução da família para impor o seu regime político; para tanto buscam projetar a juventude no erotismo, para desfibrá-la e fazê-la perder a dignidade”.

As pornochanchadas não eram filmes pornográficos, eles não apresentavam sexo explícito. Muitos eram comédias de costumes, com leve tom picante, porém os títulos e a publicidade eram sim, apelativos e vulgares, muito mais que o próprio filme. Horrorizados, sem nem assistir aos filmes, senhoras da sociedade e religiosos exigiam maior rigor da censura. Porém, essas produções eram a única alternativa que restou ao cinema nacional sob censura. Ótimos atores brasileiros participavam do elenco dessas pornochanchadas, garantiam-se financeiramente, e depois seguiam para a televisão, onde brilharam e se tornaram reconhecidos pelo grande público.

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