sexta-feira, 23 de maio de 2014

Como nosso ritmo de vida é determinado pelas tecnologias


Patrícia Piacentini

Muitas pessoas se queixam de que não têm tempo e de que a rotina está cada vez mais acelerada. Mas será mesmo que o tempo está passando mais rápido? Para Luiz Flávio Neubert, sociólogo e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), essa percepção se dá basicamente pelo uso cada vez maior dos meios de comunicação e de transporte para resolvermos as nossas necessidades diárias. “Essas inovações tecnológicas possibilitaram a ampliação da nossa capacidade de realizar atividades e, portanto, alteraram bastante nosso estilo de vida”.

Para Neubert, a mudança com relação ao tempo é cultural e marca o estilo de vida moderno, o qual corresponde ao uso padronizado, disciplinado e produtivo do tempo, regra levada ao máximo grau em um contexto de economia global e informação digital. “Se é possível fazermos cada vez mais atividades em um mesmo dia, isso se deve ao fato de que a organização das atividades diárias se alterou historicamente: fazemos mais coisas ao mesmo tempo como, por exemplo, andar de ônibus enviando mensagens pelo telefone”, exemplifica.

A psicóloga Laura Camara Lima, vice-coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), concorda: “Nós preenchemos o dia com atividades e metas em fatias de tempo muito precisas. Tudo é muito imediato, o que dificulta planejar e pensar no futuro”. Se antes o tempo era medido por fatores externos, como a natureza e as estações do ano, hoje ele é medido precisamente, com exatidão de milionésimos de segundos pelos relógios atômicos, o que acaba regulando o tempo social. “O tempo está próximo do homem. É a interiorização do cronômetro. Você mesmo se cobra sobre o seu tempo. Além disso, uma pessoa acelera a outra”, aponta Lima.

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