quinta-feira, 8 de maio de 2014

As heranças da ditadura e o livro didático


Richard Romancini

O marco dos 50 anos do golpe militar (ou civil-militar, como preferem alguns historiadores, para destacar a aliança entre segmentos desses setores na derrubada de João Goulart) sugere reflexões sobre o sentido da última fase autoritária que caracterizou nossa história. O trabalho da imprensa, ao relembrar ou discutir aspectos do período, mostra os legados do regime ditatorial do passado em nosso presente.

Concentrando-se na educação, nem tudo foi equivocado. A pós-graduação brasileira, por exemplo, foi um bem sucedido projeto, gestado numa inusitada aliança entre grupos acadêmicos e militares. Porém, o balanço geral é negativo. Foram cometidos muitos erros, a começar pelos expurgos universitários e o cerceamento do pensamento crítico, responsáveis pelo exílio de educadores como Paulo Freire e pelo fim de experiências como as das escolas vocacionais em São Paulo (sobre estas, vale a pena conhecer um documentário feito por ex-alunos).

Avaliar o período autoritário e suas marcas no presente é importante, também, porque a consciência realista dos problemas, por parte de toda a sociedade, pode colaborar na superação das fragilidades da educação brasileira. Assim, há algo de positivo na autocrítica de um personagem central do regime autoritário, o economista e ex-ministro Delfim Neto, que disse, há pouco, numa entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que o descaso com a educação básica durante o regime militar foi um “erro mortal”. Foi a partir dessa situação que, no período democrático atual, realizaram-se alguns avanços, como a universalização da educação básica, em que pese o fato de que a qualidade seja ainda um desafio.

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