Richard Romancini
Como vimos na coluna anterior, há indicadores de que muitos jovens acham a escola entediante. Mas quando essa tendência começou (se é que podemos falar em tendência)? Um ponto de vista sobre a questão é que o aborrecimento escolar não tenha aumentado, mas sim que exista hoje maior chance dele ser expresso ou percebido. Além disso, a noção de que a escola deve ser agradável aos alunos talvez seja uma ideia mais recente do que pensamos. Foram os educadores modernos que salientaram a motivação e o envolvimento estudantil em relação à aprendizagem, porém, a noção de “bem-estar” do aluno se alargou sempre mais.
Quem argumenta que não foi apenas o instrumento de medida que se alterou, mas sim as próprias condições aferidas, possui, entretanto, outros pontos da questão. O principal diz respeito aos sinais adicionais de desconforto nos ambientes educativos. Os alunos não apenas se entediam, mas abandonam a escola. As queixas dos professores sobre os salários ou a carreira ganham cada vez mais a companhia de reclamações sobre as dificuldades do cotidiano escolar.
Pensar sobre a questão pode ser mais útil do que apenas vivê-la. É claro, a reflexão só é produtiva se tem como objetivo buscar alternativas para as situações de desconforto. Nesse sentido, dois livros publicados em anos recentes são relevantes: Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão (2012), de Paula Sibilia, pesquisadora argentina radicada no Brasil, e Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação (2011), do professor da ECA/USP Ismar de Oliveira Soares. Ambos fazem um diagnóstico similar sobre a “crise na escola”. As ênfases e alternativas apontadas são diferentes, embora possuam zonas de convergência.
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