sexta-feira, 14 de março de 2014

As animações francesas



Cláudia Mogadouro

Já abordamos a história da animação em outros artigos publicados no portal NET Educação (História da Animação, Disney primeira fase e Disney segunda fase). Abordamos o surgimento da linguagem, o papel de Walt Disney e também as animações canadenses e japonesas. Agora vamos falar sobre animações francesas, que tem peculiaridades que muito interessam aos educadores.

O mais conhecido realizador atual é Michel Ocelot, que nasceu na França, em 1943, mas passou a infância na Guiné, na África Ocidental. Ele sempre se dedicou à animação, tendo cursado a Escola Belas Artes em Rouen, a Escola Superior de Artes Decorativas em Paris e o Instituto de Artes da Califórnia. Ele escreve os roteiros, desenha todos os personagens e cenário de seus filmes. Entre 1994 e 2000, destacou-se como presidente da ASIFA (Internacional Animated Film Association, em inglês). Embora tenha se tornado conhecido internacionalmente a partir do sucesso de “Kirikou e a Feiticeira” (1998), ele já havia recebido prêmios importantes por trabalhos anteriores, pois começou a fazer animação nos anos 1980. Seu primeiro curta é uma verdadeiro primor. Feito com papel recortado, “Os três inventores” fala de pessoas criativas, que querem compartilhar suas invenções com o mundo, mas acabam destruídas. Embora não tenha legenda, as falas são poucas e o filme é perfeitamente compreensível inclusive por quem não entende francês. O filme tem quase 13 minutos e pode ser visto acima.

Em 1983, Ocelot ganhou o prêmio Cesar de melhor animação com o curta “A Lenda do pobre Corcunda”. Ele diz que sua infância na África foi fundamental para “alargar sua mente”, pois tinha contato com cinco diferentes religiões. Ele diz que até os 12 anos sentia-se negro quando estava na escola e, quando voltava à França, nas férias de verão, tornava-se branco de novo... Seus filmes trazem as lendas de várias regiões do mundo e os personagens negros, o que é raríssimo nas produções que nos chegam. Utiliza técnicas de animação diferentes a cada projeto (como silhuetas, papel recortado, animação tradicional, animação digital). Uma constante em seu trabalho é a retomada de contos de fadas e contos populares, que reescreve e atualiza. O uso de cores é muito sofisticado e encanta crianças e adultos, trazendo uma estética muito diferente daquela a que estamos acostumados nas animações dos EUA. Os temas que são sempre libertários.

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