quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Os MOOCs e o Brasil


Richard Romancini

Apesar das recentes notícias da oferta de cursos abertos massivos online (MOOCs) por instituições brasileiras, parece difícil que o formato ganhe maior relevância na educação brasileira, principalmente em associação ou complementação ao ensino superior, como tem ocorrido nos Estados Unidos. Os motivos para essa situação são variados, entre eles: a insuficiente demanda do ponto de vista interno e externo ao país, a infraestrutura tecnológica e a renda da população brasileira.

O primeiro aspecto (baixa demanda) se justifica, sobretudo, pelo número limitado de brasileiros que chegam ao ensino superior. A educação secundária ainda representa uma barreira para um acesso mais ampliado à educação superior. Os indicadores educativos de países membros da OECD recentemente divulgados (Education at a Glance 2013: OECD Indicators, OECD Publishing, 2013) mostram isto com clareza. Assim, dentre a população de 23 a 64 anos, o Brasil possui um índice de 43% de pessoas que ao menos ingressaram no secundário; nos EUA e no Chile esses percentuais são de 89% e 72%, respectivamente. Esta realidade impacta nos dados de ingresso no nível pós-secundário, que são nos Estados Unidos de cerca de 42% (68,9 milhões de pessoas) contra apenas 12% (11,7 milhões) no Brasil.

Na verdade, deficiências formativas acumuladas fazem com que mesmo parte dos estudantes brasileiros que atinge o nível universitário tenha dificuldades para conclui-lo. O ensino online e a educação a distância tendem a ser mais úteis a indivíduos com boa disciplina de estudos e base formativa – que inclui um nível de letramento digital adequado. Paradoxalmente, tais formatos exigem mais do aluno e não menos, como muitas vezes se pensa.

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Imagem: opensourceway (Meredith Atwater)

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