quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Curso - Uma História do Cinema na Cinemateca Brasileira

22 de setembro a 08 de dezembro de 2009

Em setembro, a Cinemateca Brasileira dá início às atividades de mais um módulo de seu curso livre UMA HISTÓRIA DO CINEMA, em parceria com o Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. As aulas continuam sempre às terças-feiras, às 19h00. As inscrições são gratuitas e devem ser feitaspessoalmente na bilheteria da Sala Cinemateca Petrobras, a partir do dia 15 de setembro, das 15h00 às 22h00. Por exigência da Universidade de São Paulo, para realizar a inscrição é necessário informar os dados dos seguintes documentos: RG, CPF, passaporte, Título de Eleitor e Documento Militar.

São 150 vagas disponíveis. Todas as aulas são gratuitas e abertas ao público em geral. A programação não é recomendada para menores de 18 anos.


CINEMATECA BRASILEIRA

Largo Senador Raul Cardoso, 207

próximo ao Metrô Vila Mariana

Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)

www.cinemateca.gov.br

ENTRADA FRANCA

Veja mais informações e o programa do curso a partir do "Leia mais".


Módulo XXIV

EXPERIMENTAÇÃO E VANGUARDA NA HISTÓRIA DO CINEMA BRASILEIRO:

Do período entre-guerras ao Tropicalismo

Este curso pretende exibir e esboçar análises de filmes brasileiros com o propósito de compor um quadro histórico da experimentação cinematográfica e introduzir possibilidades de interpretação. O comentário da radicalidade estética singular a cada filme deve ser buscado não só em relação às vanguardas artísticas e cinematográficas mais conhecidas, mas também em relação a outros movimentos vigentes em seu ambiente cultural. Este debate exige uma delimitação de campos que nos remete à consideração de casos limítrofes, dos dois lados da fronteira imaginária entre as invenções mais substanciais e a criatividade mais corrente.

A invenção de formas audiovisuais no Brasil, como em toda parte, compreende uma história abrangente, proporcionando a riqueza comparativa necessária à observação crítica e à compreensão das tradições e rupturas. Essa história da experimentação ultrapassa os limites normalmente conhecidos do cinema moderno, incluindo sob este conceito de experimental, os filmes de artista, o cinema de vanguarda e ainda o engajado, além de um cinema que escaparia dos rótulos e das categorias críticas gerados na mídia ou nos circuitos específicos de difusão e debate.

A história brasileira do cinema experimental ainda não foi em grande parte estabelecida, discutida ou sistematizada, exceto em alguns de seus momentos isolados, como o de Limite, de Mário Peixoto, e movimentos de maior repercussão, como o Cinema Novo, ou o Marginal. No entanto, inúmeros filmes de estética radical desconhecidos do grande público, e mesmo dos críticos e historiadores, só recentemente têm sido descobertos ou revistos com interesse.

O período mais ignorado – e também o mais prolífico, tanto pela diversidade de propostas como pela quantidade ou riqueza das articulações de experiência – gira por volta dos anos 70 do século passado, decênio marcado pelos tempos de chumbo da ditadura militar, seguidos por uma abertura, "lenta, gradual e relativa". Abordar essa produção, pouco vista e debatida desde então, corresponde a um desafio. Ele pressupõe um conhecimento das condicionantes presentes naquela irrupção dos acontecimentos em torno de 1968 e do fechamento político posto pelo AI-5. Mas tal desafio sugere também divisarmos as tradições operantes no campo da criação estética, do modernismo à Tropicália, o que nos remete necessariamente a um processo histórico mais recuado, como procuraremos fazer no presente curso.

RUBENS MACHADO JR., responsável pelas aulas, é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, pós-graduado em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da USP, onde hoje é Livre Docente em Teoria e História do Cinema. Como pesquisador, estagiou na Universidade de Paris III (1991-1997) e fez Pós-Doutorado no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (1998-1999). Lecionou Estética e História da Arte e da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Belas Artes. Integra a editoria de várias revistas, como Cine-Olho (RJ-SP, 1975-1980), Infos Brésil (Paris, 1992-2007), Praga (SP, 1997-2000), Sinopse (SP, 1999-2006) e Significação (SP, 2006-). Participou do Centro de Estudos da Metrópole e atualmente pesquisa a história do cinema experimental no Brasil. Foi o curador da mostra Marginália 70: o experimentalismo no Super-8 brasileiro, realizada no Itaú Cultural (2001-2003).



PROGRAMA DO CURSO

22.09 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

Experimentações: entre documentário e ficção

O conceito de experimental carrega uma amplitude que abarcaria um campo muito vasto de práticas audiovisuais. Neste primeiro encontro, discutiremos esta dificuldade a partir de traços básicos da situação cinematográfica no país na primeira metade do século XX, entre a cavação e o institucional, o amadorismo e o (pseudo) industrial, o documentário e a ficção.

São Paulo, vistas da cidade (título atribuído), de Benedito J. Duarte

São Paulo, década de 1940, 16mm, pb, 4’ Exibição em DVD

Vistas de diversos pontos da cidade de São Paulo, especialmente pesquisadas, captadas e montadas pelo fotógrafo e crítico de cinema B. J. Duarte.

Lábios sem beijos, de
Humberto Mauro

Rio de Janeiro
, 1930, 35mm, pb, 53’ Intertítulos em português

Lelita Rosa, Paulo Morano, Didi Vianna, Gina Cavalieri

Uma jovem rebelde e bem-nascida conhece casualmente um estranho chamado Paulo e, depois de uma resistência inicial, desenvolve com ele um relacionamento amoroso. Ao saber que sua irmã está apaixonada por um homem de mesmo nome, ela desconfia que esteja sendo traída e resolve terminar o romance. Melodrama alinhado às tendências experimentais da época, com nítida influência das "sinfonias" cinematográficas dedicadas a metrópoles, típicas do período.



29.09 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

Entre o mudo e o falado: passos e descompassos

Uma introdução ao quadro histórico do cinema experimental no Brasil supõe não apenas os momentos de ruptura e as idéias estéticas correlatas. É também preciso olhar as condições gerais da criação artística no país, bem como as mais específicas da sua cinematografia, em que se enfrentam dicção local e inclinação cosmopolita.

É de chuá, de
Victor Lima

Rio de Janeiro, 1958, 35mm, pb, 99’ Exibição em DVD

Ankito, Grande Otelo, Renata Fronzi, Costinha

Um casal de larápios se disfarça de grã-finos para, durante uma grande festa, roubar uma coleção de jóias. Ao mesmo tempo, uma dupla de diretores de escola de samba, em busca de filantropia, envolve-se com o casal e com um investigador que procura liquidar com a quadrilha. Clássico exemplar da comédia musical brasileira feita à época, conhecida como chanchada.



06.10 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

Modernismo e vanguarda em Limite, de Mário Peixoto

Obra única, o filme Limite é um verdadeiro "corpo estranho" no cinema brasileiro. Pareceria, com efeito, manter parentesco maior, ou mais seguro, com o cinema europeu de vanguarda. Pode-se aproximá-lo das experiências francesas dos anos 20 com o ritmo; talvez da contemplação da natureza em Flaherty, ou da cadência amorosamente lenta de Dovjenko. Neste encontro, o filme será analisado sob o ponto de vista desses possíveis paralelos que podem ser estabelecidos.

Limite, de Mário Peixoto

Brasil, 1931, 35mm, pb, 120’ Intertítulos em português

Olga Breno, Carmen Santos, Taciana Rey, Mário Peixoto

Isolados em barco perdido na calmaria do oceano, três náufragos – um homem e duas mulheres – narram momentos de suas vidas, envolvendo aflição e enfado com os afazeres cotidianos, infidelidade e crise de laços amorosos. Fugitivos, seriam náufragos em suas próprias vidas.



13.10 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

O pátio, de Glauber Rocha, e o advento do Cinema Novo

Em seu primeiro filme, Glauber Rocha anunciava, já em suas cartelas iniciais: "um film experimental". Tal designação, é curioso, desaparece sintomaticamente no debate dos seus filmes seguintes e, de resto, pouco prestígio terá no léxico do Cinema Novo, ainda que noutros campos, como o das artes plásticas, o termo seguisse reverberando novas acepções.

O pátio, de Glauber Rocha

Bahia, 1959, 16mm, pb, 11’ Exibição em DVD

Solon Barreto, Helena Ignez

Num terraço de azulejos em forma de tabuleiro de xadrez, um rapaz e uma moça evoluem lentamente, se tocam, rolam no chão, se distanciam, se olham. Primeiro filme dirigido por Glauber Rocha, nesse curta já se fazem presentes alguns traços estilísticos que marcariam toda sua produção, como a presença da natureza, enquadramento e uso do espaço.

Maranhão 66, de Glauber Rocha

Rio de Janeiro, 1966, 35mm, pb, 10’ I Exibição em DVD

Realizado por ocasião da campanha vitoriosa de José Sarney ao Governo do Estado, sob encomenda do próprio, o filme faz um contraponto ao discurso do governador eleito ao mostrar a miséria do Maranhão sob o áudio das promessas do político. O filme serviu a Glauber como uma espécie de "laboratório" para a criação de sua obra-prima, Terra em transe.



20.10 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

O sertão e a luz brasileira em Aruanda, Vidas secas e Os fuzis

Na alvorada cinemanovista, a "luz estourada" figuraria como um dos êxitos particulares do cinema moderno brasileiro, marca anunciadora de sua originalidade. Em que termos seria possível remeter tais achados artísticos ao debate histórico nas artes plásticas, que vem desde o século XIX, sobre "a luz brasileira"?

Aruanda, de Linduarte Noronha

Paraíba, 1960, 35mm, pb, 22’ Exibição em DVD

Visto como precursor do Cinema Novo, este curta, fotografado por Rucker Vieira, enfoca remanescentes de um quilombo formado por escravos libertos no sertão da Paraíba. Contemporâneo da inauguração de Brasília, mostra uma pequena população isolada das instituições do país, num ciclo econômico sem perspectiva, vivendo da cerâmica primitiva.

Os fuzis, de Ruy Guerra

Rio de Janeiro, 1963, 35mm, pb, 80’
Átila Iório, Nelson Xavier, Maria Gladys, Leonides Bayer

Na Bahia, durante a seca, um grupo de soldados é enviado a uma pequena cidade do interior para impedir que os habitantes esfomeados saqueiem os armazéns locais. Fotografado por Ricardo Aronovich, esse libelo sobre a impossibilidade de se manter neutro face à injustiça e à opressão integrou a lista dos dez melhores filmes da história da revista francesa Cahiers du Cinéma.



27.10 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

Realismo e interrogação em Paulo César Saraceni

Nos seus aspectos de duração e captação do espaço, o estilo de Saraceni configura mais que uma radicalização realista no quadro inicial do Cinema Novo. O seu arrojo pode ser associado a tradições estéticas "decadentistas", claramente abandonadas pelo viés esquerdizante das novas diretrizes vanguardísticas locais.

Arraial do Cabo, de Mario Carneiro e Paulo César Saraceni

Rio de Janeiro, 1959, 35mm, pb, 17’

Precursor do Cinema Novo, este filme expõe a realidade dos pescadores de Arraial do Cabo, no estado do Rio, cujo primitivo modo de vida começa a ser confrontado com a chegada de uma fábrica, prenunciando o "boom" imobiliário e econômico que ali se materializaria. A fábrica causa poluição e a mortandade dos peixes, pondo em risco a sobrevivência dos pescadores.

O desafio, de Paulo César Saraceni

Rio de Janeiro, 1965, 35mm, pb, 100’

Joel Barcellos, Sérgio Britto, Hugo Carvana, Oduvaldo Vianna Filho

Um jornalista, amargurado com o fracasso de sua crença na revolução popular, vê ruir também o seu caso amoroso com uma mulher burguesa. Concebido e realizado logo após o golpe de Estado de 1964, o filme estuda o desnorteio e a perplexidade das esquerdas com o início do regime militar, em paralelo à efervescência artística e intelectual em curso naqueles anos.



03.11 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

Radicalismo "primitivo" I: José Mojica Marins

Reconhecido por Glauber Rocha e recuperado como fonte inspiradora pelo Cinema Marginal, este cineasta naïf-kitsch-rústico-sincrético-metafísico, com a fábula tenebrosa e o horror popularesco do seu personagem Zé do Caixão, realizava a seu modo a performance em voga do filme-de-idéias.

Esta noite encarnarei no teu cadáver, de José Mojica Marins

São Paulo, 1966, 35mm, pb/cor, 107’

José Mojica Marins, Roque Rodrigues, Nádia Tell, William Morgan

Nesta segunda parte da trilogia do personagem, Zé do Caixão, após sobreviver ao ataque sobrenatural do final de À meia-noite levarei sua alma, continua na busca obsessiva da mulher ideal capaz de gerar um "filho perfeito" para perpetuar sua linhagem. Com a ajuda de seu fiel criado, ele rapta seis belas moças, submetendo-as a terríveis torturas. Só a mais corajosa sobreviverá ao teste e poderá ser a mãe de seu filho. O filme inclui uma famosa seqüência em cores, retratando a descida do personagem ao inferno.



10.11 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

A Estética da Fome e as evoluções alegóricas do Cinema Novo: Terra em transe

Os anos 60 assistiram conversões em película, mais ou menos convincentes, de uma tonitruante "Estética da Fome". Concebido pouco após a redação deste manifesto, Terra em transe seria o momento privilegiado para que aquelas idéias sofressem uma determinada transformação estilística, constituindo um dos pontos de partida tropicalistas.

Terra em transe, de Glauber Rocha
Rio de Janeiro, 1967, 35mm, pb, 105’

Jardel Filho, Glauce Rocha, Paulo Autran, José Lewgoy

No país imaginário de Eldorado, em meio a uma disputa pelo poder, um poeta e jornalista atingido mortalmente rememora seu percurso entre a poesia e a política. Como no Barroco, a "aparência de confusão" oculta uma rigorosa geometria discursiva, dialogante, que nos enreda com forte apelo persuasivo. A forma convulsa e a narração marcada pela agonia compõem o afresco alegórico de uma crise política por que de fato o país passou.



17.11 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

Radicalismo "primitivo" II: Ozualdo Candeias

O filme A margem, de Ozualdo Candeias, é um marco importante para a formulação das propostas do Cinema Marginal e considerado por muitos como a fita que inaugura o ciclo. Em Zézero, o seu universo particular da várzea paulistana é trazido à constelação de suas obras balizadas na diferença cultural do olhar caipira.

A margem, de Ozualdo R. Candeias

São Paulo,1967, 35mm, pb, 96'

Mário Benvenutti, Valeria Vidal, Lucy Rangel, Paula Ramos

Na favela às margens do rio Tietê, duas infelizes histórias de amor, envolvendo dois casais que a sociedade ignora e que, em meio à miséria e a luta pela sobrevivência, tentam encontrar-se através do sentimento. Os personagens evoluem entre a vida nas franjas da cidade, com seus pequenos golpes pela sobrevivência, e a existência no submundo paulistano, que deteriora qualquer tentativa de ligação amorosa.

Zézero, de Ozualdo Candeias

São Paulo, 1974, 35mm, pb, 31’ Exibição em 16mm

Milton Pereira, Isabel Antinópolis, Maria Gizelia, Palmira Balbina de Almeida

Um camponês sai de sua terra em busca das promessas da metrópole. Mas o trabalho como servente de pedreiro, a moradia, o sexo e a subsistência logo se revelam difíceis e brutais. Filmada com negativo vencido, a obra foi uma das primeiras no cinema brasileiro a pesquisar de modo convincente a realidade do operariado.



24.11 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

A eclosão do Cinema Marginal: O bandido da luz vermelha

Em O bandido da luz vermelha, o choque do novo tem a ver com sua forma inusitada e provocativa, cuja virulência vem da fusão moderna de elementos díspares, mas bem integrados, vindos da chanchada, do cinejornal, dos programas de rádio, da Nouvelle Vague e do film noir à perspectiva crítica perante o Brasil aberta pelo Cinema Novo.

O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla
São Paulo, 1968, 35mm, pb, 92’

Paulo Villaça, Helena Ignez, José Marinho, Luis Linhares

Marginal paulista coloca a população em polvorosa e desafia a polícia ao cometer seus crimes desconcertantes. Numa de suas incursões, conhece a provocante Janete Jane, famosa em toda a Boca do Lixo, por quem se apaixona. Clássico do cinema moderno brasileiro que toma como ponto de partida um caso policial de grande repercussão à época.



01.12 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

Cinema Marginal e Tropicalismo em Rogério Sganzerla

Apontado como o início da pornochanchada, o espalhafatoso "week-end à paulista" deste filme tenta enxergar uma quintessência do paulista como o brasileiro de amanhã. Sua crítica à barbárie da ditadura é tanto mais profunda quanto mais indireta e obscura, pois dirigida ao progresso conservador que ela preparava.

A mulher de todos, de Rogério Sganzerla

São Paulo, 1969, 35mm, pb, 80’

Helena Ignez, Jô Soares, Stênio Garcia, Paulo Villaça

As aventuras amorosas da irascível Ângela Carne e Osso, uma mulher insubmissa e vampiresca que faz dos homens gato e sapato, casada com um rico industrial dono de um "império" das histórias em quadrinhos. Depois de dispensar seu último amante e desistir de ir com ele para a Europa, ela parte para a Ilha dos Prazeres em busca de novas paixões. Segundo longa do diretor, o filme é uma homenagem à chanchada, à comédia pastelão e à linguagem das histórias em quadrinhos.



08.12 I TERÇA, 19h00

SALA CINEMATECA PETROBRAS

Júlio Bressane e a marginalidade radical de O anjo nasceu

Vamos encontrar neste filme violento e de força poética surpreendente um contraponto instigante, dado na inversão de determinados códigos que se decantavam no Cinema Novo, segundo os quais as expectativas progressistas de mudança social lidavam com a figura do marginal.

O anjo nasceu, de Júlio Bressane

Rio de Janeiro, 1969,
35mm, pb, 82’

Hugo Carvana, Milton Gonçalves, Norma Bengell, Maria Gladys

Dois bandidos saem pela cidade cometendo atos de violência. Um deles, místico, acredita que assim está se aproximando de um anjo que lhe limpará a alma. O outro, um marginal impiedoso, segue os passos do amigo, acreditando também no anjo da salvação. Esteticamente ousado e com poucos diálogos, o filme apóia-se em larga medida em suas imagens, de enquadramentos inusitados e inventivos.




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