Num depoimento à Sociedade de Amigos da Rádio MEC (íntegra aqui) contou parte de sua trajetória nesse meio. Uma de suas histórias envolve o poeta Carlos Drummond de Andrade:
Agora, sobre a trajetória, sobretudo poética de Drummond, vale a pena conhecer o documentário, da série Mestres da Literatura, No caminho de Drummond, produzido pela TV Escola, e que pode ser baixado a partir do site Domínio Público (aqui).Em 72, o Avelino teve um problema. Alguém ia sair e, por acaso, nesta época eu tinha saído da televisão e queria voltar a fazer teatro aqui, no Rio, e não tinha aquele compromisso de estar em São Paulo e vir ao Rio. Aí o Avelino disse: 'Por favor, venha ser diretor artístico da Rádio [MEC], comigo'.
Como eu trabalhava em rádio desde 58, e aquilo não tinha nenhum segredo para mim, eu aceitei. Mas as condições eram as piores possíveis e imagináveis! Você tinha a impressão de que era o Titanic depois que afundou! Basta dizer que havia um corredor com toda a biblioteca empilhada num canto, havia janelas com cortinas e livros empilhados atrás das cortinas - não me pergunte por que! - eles estavam usando o local da biblioteca para outra coisa. A discoteca era praticamente inexistente... Sabe quantos funcionários eu tinha? 62 !!! 62 produtores !! e tinha duas máquinas de escrever. E um dos meus funcionários era Carlos Drumond de Andrade ! Um dia eu entrei na Rádio e vi o Carlos chegando e abrindo o livro de ponto, e fiquei desorientado e perguntei o que ele estava fazendo ali. Ele responde: 'Eu vim assinar o livro de ponto.'
E eu digo : 'O que ?! Você vem aqui para assinar o livro de ponto? Primeiro, nós é que devíamos levar o livro para a sua casa, ficar de joelhos para você assinar, e pagar a você por cada autógrafo! E nunca mais apareça aqui! E você não vai perder o emprego, não.' Coisas do Brasil, né?”
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