quarta-feira, 17 de julho de 2013

A febre dos Moocs e suas circunstâncias


Richard Romancini

Os cursos abertos online para vastos públicos, os Moocs (Massive Open Online Courses), muito comentados nos últimos tempos – em 2012, foi chamado de “o ano do MOOC”, numa matéria do final do ano passado do The New York Times –, possuem uma multiplicidade causal importante, derivada do contexto em que surgem. Espelham, ainda, uma realidade complexa, que mistura diferentes motivações. Enfim, como outros fenômenos sociais, eles não são apenas pretos ou brancos.

As principais fontes utilizadas para a discussão dessa ideia são duas excelentes reportagens, uma de Nathan Heller, “Has the future of college moved online?” (Será que o futuro da faculdade virou online?), publicada em maio passado no The New Yorker (há uma tradução aqui), e a de Nicholas Carr, “The crisis in higher education” (A crise na educação superior), da MIT Technology Review, de setembro do ano passado.

A origem das fontes nos informa o centro irradiador do debate, o que adiciona uma camada de significado importante: os Estados Unidos, país do Google, do Facebook, da Microsoft, e agora dos Moocs. A proposta destes cursos é polêmica, mas possui raízes socioculturais numa tradição que, se não remonta a Thomas Edison, pode ter nele outro exemplo significativo. Em outras palavras, trata-se do país da crença na inovação, tanto quanto possível alicerçada na tecnologia e na ciência, para responder a demandas sociais. Essa mentalidade é impulsionada por um ambiente competitivo. Não por acaso, houve um grande boom no ensino universitário por correspondência, a partir do desenvolvimento de um sistema postal eficiente, nos anos de 1920, nos Estados Unidos. Uma década depois, entretanto, o entusiasmo arrefeceu e as iniciativas se tornaram residuais. Alguns se perguntam se não será esse o destino dos Moocs.

Ao ler as duas matérias, é possível concluir que o principal vetor de impulso aos Moocs no ensino superior dos estadunidenses está relacionado a condições socioeconômicas. Outras três forças – ou lógicas, na medida em que representam ou desenvolvem argumentos em defesa desses cursos – envolvem aspectos ligados às tecnologias, ao movimento “open access” e a certas tendências pedagógicas (aspecto menos salientado nas reportagens). Estas lógicas podem se reforçar, mas também entrar em conflitos, conforme a direção dada ao empreendimento de educação digital massiva.

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Imagem: Opensourceway.

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