domingo, 17 de março de 2013

Mídias na Educação - Relatos de pesquisa e formação
Olhar o outro – olhar a si mesmo, com a fotografia


Angela Maria Rosseto Sencio*

A pesquisa, que teve como título “Olhar o outro – Olhar a si mesmo com a fotografia”, focou no uso da imagem fotográfica como ação educomunicativa no ensino da Arte, objetivando identificar, dentro do ecossistema comunicativo que a escola e todos seus integrantes estão inseridos, os processos referentes ao envolvimento de alunos e professores com o universo imagético, o qual permeia a sociedade globalizada. Investigaram-se os tipos de imagens que os alunos e os professores consomem, como se apropriam das mesmas, quais suas fontes de busca e como produzem imagens fotográficas em seu cotidiano, e em processos mediados por mim, autora da pesquisa, considerando os aspectos sensível, estético, comunicativo e criativo.

A obtenção das informações se deu através da pesquisa-ação, por meio do uso de técnicas de investigação como entrevistas, troca de experiências (para as quais os participantes trouxeram imagens fotográficas de seus álbuns de fotografia), responderam a questionários, realizaram análises de imagens fotográficas, produziram imagens fotográficas e, por fim, a exposição e leitura dessa produção imagética.

Após a identificação dos resultados obtidos através das ações acima citadas, os mesmos foram comparados e expostos para toda comunidade escolar, gerando novos quadros que permitiram a construção de uma ação educomunicativa em Arte.

Este trabalho permitiu, de forma envolvente e sensível, conhecer como os alunos e professores consomem, apreciam, produzem e interpretam imagens fotográficas e, principalmente, como a fotografia permite olhar a si mesmo e olhar o outro, construindo assim novos olhares.

A dificuldade que encontrei foi em relação à escrita da monografia (articulação de ideias), mas, esta foi superada, devido à brilhante orientação da Prof.ª Dra. Tania Callegaro, profissional extremamente competente, dedicada e uma pessoa encantadora.

No decorrer, pude contar também com a ajuda do prof. Esp. Alexandre Araújo Bispo e do prof. Mestre Luiz Gustavo Sousa de Carvalho, os quais contribuíram com questionamentos e sugestões muito pertinentes que só acrescentaram na realização da monografia.

A orientação se deu através de um encontro presencial nas dependências da ECA/USP, conversas via Skype, troca de e-mails nos quais meus textos retornavam “coloridos” aonde existiam dúvidas, contradições e subjetividade. Foram incontáveis: consultar outras fontes; refazer; desconstruir e reconstruir sob novos olhares... Ah, Dra. Tania! Como esses “coloridos” me fizeram enxergar a riqueza de informações, as dúvidas, os sonhos muitas vezes implícitos em cada olhar dos meus alunos, a vontade que eles têm de entender o mundo do qual eles fazem parte, mas que muitas vezes, eu os atropelei com certa frieza, priorizando o meu olhar sobre o mundo.

Bem, essa dificuldade, muito acrescentou não só ao desenvolvimento da monografia, mas principalmente em minha prática enquanto educadora e mediadora. Resultou em mudança de olhar, aquilo que estava sendo proposto no projeto para os alunos, o olhar mais apurado, o olhar a si mesmo, aconteceu com eles, mas principalmente comigo.

O curso Mídias na Educação proporcionou-me uma evolução gradativa e muito consistente, explorando diferentes mídias, conceitos, metodologias através de atividades que exigiram muita leitura, produção de textos reflexivos e argumentativos, debates acirrados entre os cursistas mediados pelos tutores, o que me levou a uma série de reflexões, as quais resultaram em mudança de postura, quebra de paradigmas em relação ao uso de diferentes recursos midiáticos n ambiente escolar.

Compreendi no decorrer do curso que muito do que eu achava que “sabia”, que “dominava”, na realidade, muito pouco eu sabia e, nem de longe, eu dominava. Passei a ver os meus alunos com outro olhar, olhar este mais receptivo sobre os seus saberes, suas culturas e suas experiências.

O curso Mídias na Educação tem muito a oferecer, mas requer disciplina por parte do cursista, principalmente no momento de produção da monografia, a qual exige muita pesquisa, muita leitura, e o principal – aceitar as inúmeras sugestões e correções realizadas pelos orientadores, pois são estas que lapidam, dão corpo e alma a todo o trabalho desenvolvido.


* Orientada pela Profa. Dra. Tania Callegaro, a professora Angela deu uma contribuição interessante à reflexão sobre processos artísticos que envolvem a mídia e a escola, apontando em seu texto como o desenvolvimento da monografia colaborou com sua própria prática pedagógica.

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