segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A crise na educação superior

Há cem anos, o ensino superior parecia à beira de uma revolução tecnológica. A disseminação de uma nova e poderosa rede de comunicação – o sistema de correio moderno – tornou possível que as universidades distribuíssem suas aulas além dos limites de seus campi. Qualquer um com uma caixa de correio poderia se inscrever em uma classe. Frederick Jackson Turner, o famoso historiador da Universidade de Wisconsin, escreveu que a ‘máquina’ do ensino a distância levaria ‘fluxos irrigantes de educação até as regiões áridas’ do país. Percebendo uma oportunidade histórica para alcançar novos alunos e obter novas receitas, as escolas correram para montar divisões de ensino por correspondência. Por volta de 1920, os cursos pelo correio tornaram-se uma obsessão em pleno desenvolvimento. Quatro vezes mais pessoas estavam matriculados neles, em toda a nação, do que no total de pessoas em faculdades e universidades.

As esperanças quanto a esta forma inicial de ensino a distância iam muito além de um acesso mais amplo. Muitos educadores acreditavam que os cursos por correspondência seriam melhores do que a tradicional instrução no campus, porque as tarefas e as avaliações poderiam ser especificamente adaptadas para cada aluno. O Departamento de Estudo Domiciliar da Universidade de Chicago, um dos maiores do país, dizia esperar que eles iriam ‘receber atenção pessoal individualizada’, enviada ‘de acordo com qualquer agenda pessoal e em qualquer lugar onde o serviço postal esteja disponível’. O diretor do departamento afirmou que o estudo por correspondência oferecia aos alunos uma ‘relação tutorial’ íntima que ‘leva em conta as diferenças individuais na aprendizagem’. A educação, segundo ele, poderia se mostrar superior à realizada em uma ‘sala de aula lotada normal da universidade americana’.

Hoje temos ouvido discursos notavelmente similares. Outra poderosa rede de comunicação – a internet – está de novo aumentando as esperanças de uma revolução no ensino superior Neste viés, muitas das principais universidades do país, incluindo o MIT, Harvard, Stanford e Princeton, estão oferecendo aulas gratuitas na rede, e mais de um milhão de pessoas ao redor do mundo já se inscreveram para cursá-las. Esses ‘grandes cursos abertos on-line’ [massive open online courses], ou MOOCs, estão ganhando elogios por trazer ensino universitário qualificado para uma multidão de estudantes que de outra forma não teriam acesso a ele, incluindo aqueles em lugares remotos e aqueles em meio às suas carreiras. As aulas on-line também estão sendo promovidas como uma forma de reforçar a qualidade e a produtividade do ensino em geral – para estudantes no campus, bem como fora dele. O ex-secretário de Educação dos EUA William Bennett escreveu que ele sente ‘como um renascimento de Atenas’ em processo. O presidente de Stanford, John Hennessy, disse à revista New Yorker que enxerga ‘um tsunami chegando’.”

Acima, você pode ler a tradução dos primeiros parágrafos de uma reportagem de Nicholas Carr, para o MIT Technology Review, que apresenta, de maneira equilibrada (com a discussão de pontos de vista pró e contra), o fenômeno dos cursos on-line no contexto dos EUA. Abaixo, uma tabela desta matéria, mostrando a situação de oferta e iniciativas desse tipo.

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