No mês passado, circularam centenas de notas online sobre o suposto falecimento de Gabriel García Márquez. Algumas fontes chegaram a afirmar que eu fora o autor da primeira notícia sobre a morte do autor, via a minha conta no Twitter. Evidentemente, pouco depois, as mesmas fontes – e outras, inclusive algumas totalmente fidedignas – descobriram e informaram que, na realidade, eu sequer estava inscrito no Twitter, e que alguma outra pessoa estava enviando tweets com o meu nome. Houve até alguns idiotas que se apoderaram da primeira informação e, sem se dar ao trabalho de verificá-la, continuaram moralizando sobre a minha suposta brincadeira (vocês sabem como são os escritores, com seus conflitos e rivalidade dramáticas); mensagens posteriores revelaram que foram criadas várias contas no Twitter com o meu nome, sem o meu conhecimento. Não se trata de algo fora do comum– em muitos sites, qualquer um pode se inscrever como 'Leonardo da Vinci' e ninguém o impedirá. Portanto, é fácil imaginar o que acontece com os nomes de escritores contemporâneos. Neste caso, alguns sugeriram que o verdadeiro autor da invencionice foi Tommaso De Benedetti, o criador de várias brincadeiras do gênero. Ele faz este tipo de coisa justamente para demonstrar, como revelou certa ocasião ao jornal The Guardian, que 'a mídia social é a fonte de informação menos passível de verificação no mundo'.” |
Acima está o trecho inicial do artigo "Dúvidas sobre o Twitter", de Umberto Eco, publicado originalmente no The New York Times e reproduzido no Observatório da imprensa, no dia 03 de julho.
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