quinta-feira, 7 de junho de 2012

Adeus, Ray Bradbury (1920-2012)


Falecido no último dia 5 (leia um bom obituário no blog do IMS), Ray Bradbury, além de conhecido como escritor, foi um defensor entusiasmado da leitura e das bibliotecas, afirmando que um de seus livros mais famosos, Fahrenheit 451 (1953), era mais motivado pela defesa da palavra escrita do que por uma crítica à censura.

Numa carta, cujo fac-símile é visto acima, enviada por Bradbury à diretora assistente da biblioteca pública de Fayeteville, ele explica a relação do livro Fahrenheit 451 com as bibliotecas. Uma cópia da carta foi divulgada pelo site Letters of Note, e o blog do IMS traduziu-a, conforme a cópia a seguir:

Prezada Shawna Thorup:

Fico feliz de saber que vocês estão celebrando o meu livro “Fahrenheit 451”. Acho que vocês vão gostar de saber como escrevi a primeira versão, que tinha 25 mil palavras e foi publicado em uma revista.

Eu precisava de um escritório e estava sem dinheiro para isso. Então, certo dia, eu estava caminhando pela U.C.L.A. e escutei alguém datilografando no porão da biblioteca. Descobri que havia uma sala de datilografia onde você podia alugar uma máquina de escrever por meia hora a dez centavos de dólar. Me mudei para a sala de datilografia junto com um bando de estudantes e uma saco cheio de moedas – um total de US$ 9,80, dinheiro que gastei na criação da versão de 25 mil palavras de “O Bombeiro” em nove dias. Como pude escrever tantas palavras tão rapidamente? Foi por causa da biblioteca. Todos os meus amigos e pessoas queridas se encontravam nas estantes acima de mim, e berravam e gritavam para que eu fosse criativo. Então, subi e desci as escadas, procurando livros e citações para colocar em minha novela do “Bombeiro”. Vocês podem imaginar como foi emocionante escrever um livro sobre queima de livros na presença de centenas dos meus queridos nas estantes. Era a maneira perfeita de ser criativo; é isso o que uma biblioteca faz.

Espero que vocês gostem de ler o resultado de minha paixão. O livro ficou maior alguns anos depois, e se tornou popular, graças a Deus, entre muitas pessoas.

Desejo-lhes tudo de bom.

(assinatura)

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