O escritor Clive Thompson escreveu em sua coluna na revista Wired um artigo (aqui, em inglês) que pode ser relacionado à postagem anterior, em termos da valorização da experiência social de leitura que a rede pode proporcionar.
Inicialmente, ele comenta o caso de um autor, McKenzie Wark, que publicou um livro, primeiro no formato tradicional e depois usando um sistema digital que permitia comentários. Nesse caso, houve mais repercussão, em termos de discussões e críticas. Para Wark, isso ocorreu, pois os leitores podiam interagir, o que mudou o próprio modo como o livro era lido.
Leia, abaixo, um trecho traduzido do artigo de Clive Thompson.
Os livros são o último bastião do antigo modelo de negócios - a única grande mídia que ainda não abraçou a era digital. Editores e autores argumentam que, em geral, recusam-se a colocar os livros online por temer que o conteúdo seja napsterizado [distribuído gratuitamente]. E você pode compreender esse terror, porque a indústria editorial está em grandes dificuldades financeiras, com demissões e reestruturações. Especialistas literários questionam: os livros sobreviverão nesse universo 'Facebookado', de atenção deficitária e multicanal?
Ao que eu respondo: claro que eles podem. Mas somente se os editores adotarem a perspectiva de Wark, proporcionando novas formas para as pessoas encontrarem a palavra escrita. Precisamos parar de pensar sobre o futuro das editoras e, ao invés disso, pensar sobre o futuro da leitura.
Toda outra forma de mídia que se tornou digital foi transformada por sua audiência. Sempre que um artigo de jornal, clip de TV, postagem de blog ou papel em branco tornam-se online, leitores e espectadores começam a comentar sobre eles em blogs, selecionando suas seções favoritas, retransmitindo-as. A única razão pelo qual o mesmo não ocorre com os livros é que eles permanecem trancados em papel e tinta.
Liberte-os e você libertará a multidão. Bookglutton, um site que foi lançado no ano passado, colocou 1.660 livros online e criou ferramentas que permitem aos leitores formarem grupos para discutir os seus títulos favoritos. Enquanto isso, Bob Stein, um veterano editor da era do CD-ROM, colocou o livro de Doris Lessing The Golden Notebook online com um elegante sistema de comentários e contratou sete escritores para comentá-lo de forma colaborativa.
[...]
Isso poderia promover maciçamente o que os bibliófilos chamam de descoberta do livro. É muito mais provável que você ouça sobre um livro, se um amigo destacou um par de brilhantes sentenças do mesmo em uma atualização do Facebook, e se você prestar atenção nisso é mais provável que o compre impresso. Sim, impresso: os poucos autores que experimentaram fornecer cópias digitais (principalmente de ficção científica) descobriram que eles acabaram por vender mais cópias impressas, pois seus livros foram descobertos por mais pessoas.
Eu não estou sugerindo que os livros precisam ser sempre sociais. Um dos principais prazeres de um livro é a solidão mental, aquele profundo e silencioso foco nos pensamentos de um autor – e nos nossos próprios. Isso não irá desaparecer. Porém os livros se tornaram reféns do mundo offline por tempo demais. Torná-los digitais poderá desbloquear o seu valor real oculto: os leitores.”
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