Educomunicação na revista Imprensa: um novo jeito de fazer jornalismo

A revista Imprensa dedica um artigo de três páginas, em sua edição de julho de 2009, ao tema da educomunicação. Assinado por Luiz Gustavo Pacete e tendo como título “O novo jornal da escola”, o texto faz inicialmente referência à pesquisa do Núcleo de Comunicação e Educação da USP, no final dos anos 90, e de sua contribuição pela difusão do termo “educomunicação” e pelo início do projeto Educom.rádio, ainda em vigência na prefeitura de São Paulo. Apresenta, em seguida - para comprovar sua tese de que o conceito já ganhou legitimidade - uma série de experiências em desenvolvimento, em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Paraná e Bahia, sob a responsabilidade de pessoas e organizações filiadas à Rede CEP – Comunicação, Educação e Participação. Garante que apesar das organizações não governamentais terem saído na frente, o conceito já é praticado no sistema escolar tanto privado quanto público. A grande novidade é o apoio que a Educomunicação vem recebendo da própria mídia, representada pela própria ANJ – Associação Nacional de Jornais, tendo motivado uma profissinal do jornalismo a optar pela prática educomunicativa.

A Educomunicação é definida pelo artigo como o procedimento destinado a levar a comunicação e suas linguagens aos espaços educativos, auxilindo jovens e adolescentes a editar jornais e revistas, a produzir programas de rádio e TV com alunos, a manter o blog da classe com novidades, assim como a constribuir com notícias para o site do colégio, com o propósito de “educar para a comunicação” e de “alertar as novas gerações sobre a importância da mídia”.

Ao final, em alusão à recente desregulamentação da profissão de jornalista, a matéria apresenta a opinião de uma repórter que deixou o trabalho na imprensa diária para dedicar-se a uma prática educomunicativa num veículo produzido por adolescentes, a Revista Viração: “A pluralidade de projetos é tão estimulante que já proporciona até mesmo o movimento inverso, de jornalistas formados tradicionalmente que passam a trabalhar com educomunicação. A repórter do Jornal da Tarde de São Paulo, Maria Rehder, por exemplo, participou de uma ampla cobertura que o diário fez sobre o tema, entrando em contato com alguns programas. Acabou tornando-se educomunicadora da ONG Viração”. Na verdade, para o autor da matéria, a prática fica ainda mais animadora em tempos de abertura do acesso à colocação profissional na área: 'Sem obrigatoriedade de diploma específico, passará a valer o melhor comunicador, com ou sem faculdade de jornalismo. Quem treina desde a adolescência, portanto, deve fazer a diferença”.

De acordo com o artigo, as experiências têm sido muito positivas a ponto de o Grupo Estado tomar a iniciativa de abrir suas portas para realizar, em 2007, o Encontro Brasileiro de Educomunicação, que contou com a presença de centenas de professores da rede pública do estado de São Paulo, além dos Secretários de Educação do Estado e da Prefeitura da cidade. Em outras palavras, a Educomunicação já é uma realidade na vida social, faltando apenas os próprios jornalistas perceberem que nela reside uma nova forma de prestação de serviços. Desde de que os profissionais da comunicação sejam capazes de entender a nova lógica da prática comunicativa.

Ismar de Oliveira Soares