Entre os países que já possuem experiência nas práticas de ensino e formação com/para a mídia, a Inglaterra se destaca. Há uma tradição nesse país (e também nos EUA) na chamada media literacy, que se poderia traduzir como alfabetização midiática, educação para a mídia ou mídia-educação.
A pesquisadora Alexandra Bujokas desenvolveu uma pesquisa (cuja experiência é em parte descrita nesse blog aqui) sobre a situação inglesa nessa área. E o que parece evidente é que, em termos da produção de material de apoio aos professores e estudantes, a Inglaterra está bastante avançada em comparação com países como Brasil. Sem dúvida, esse é um setor que precisa aqui de mais livros de qualidade e materiais multimídia para formação de docentes e uso em salas de aula. Apesar de boas iniciativas (TV Escola, RIVED, o próprio Mídias na Educação etc.), ainda há muito a fazer.
De outro lado, no contexto inglês, existem disciplinas escolares voltadas à análise dos produtos dos meios e à realização de trabalhos que envolvem as linguagens midiáticas. Nesses dois aspectos, no Brasil – aparentemente – se privilegia a formação dos educadores, e os âmbitos de produção de materiais midiáticos por estudantes, talvez, envolvam mais os projetos (dentro de uma tendência atual das práticas pedagógicas) do que disciplinas exclusivas.
Concluindo, há uma a conexão interessante a respeito do Big Brother e a análise dos produtos midiáticos na escola inglesa. Como mostra outro blog de Bujokas (aqui), lá se produziu um material de apoio – dentro de livro didático – ao estudo da versão local desse programa. Vale destacar a preocupação com a análise dos elementos da linguagem utilizada (imagem, som etc.) pela produção – o que sem dúvida é um componente importante do “letramento midiático”.
Busca-se ainda sondar dimensões do “significado” (valores, visão sobre a mídia, por exemplo) do programa. Porém, uma visão (parcial, a partir do material no blog de Bujokas) comparativa com o Brasil sugere que talvez na Inglaterra o nível de preparo e formação cultural dos estudantes seja maior. A minha hipótese (RR) para isso vem de um dado simples: é possível que lá não se tenha necessidade de dizer quem é George Orwell e seu 1984. Quantos de nossos estudantes os conhecem? É difícil, no meu entender, tirar todas as implicações sofre o “significado” do programa Big Brother (em sua articulação com a análise da linguagem do mesmo) sem saber disso.
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