quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O "mau" uso da tecnologia

site malvados

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Adivinhe por que arcanos da Web os americanos navegam com mais freqüência?

Sites de busca? No, sir. Sites literários? Não me façam rir. [...]

Na verdade, os campeões absolutos e imbatíveis são os sites pornográficos, aí incluídos desde os mais leves, aqueles que no máximo expõem os mamilos de Paris Hilton papparazzitados numa festa, aos mais pesados, com imagens de sexo explícito e pirotecnias ginecológicas. [...]

Ok, viciar é humano, e sexo, sobretudo se virtual e voyeurístico, não mata; mas se a partir do terceiro lugar não se enfileirassem sites de golfe, moda, Disney, dieta, e de figurinhas como Britney Spears, Paris Hilton e Clay Aiken (cantor pop revelado na segunda temporada do programa American Idol), não estaria aqui chancelando o que Chunk Blount disse da pesquisa da Lycos.com, nas páginas do Toronto Daily Star: ‘Eis mais uma prova contundente de que o declínio da civilização ocidental continua em franco progresso.’

[...]

E nós, brasileiros, o que mais acessamos na Web?

Primeira surpresa: existe pesquisa a respeito. Segunda: ela não discrimina os sites pornográficos (a da Alexa.com, ao menos, não discrimina). Terceira: os quatro sites pornográficos (encabeçados pelo Pornutube) só entram na lista depois do 35º lugar, dois deles na frente do MySpace (talvez outra surpresa).

Relacionamento e interação lideram as preferências nacionais, daí a ponta ser ocupada pelo Orkut, o YouTube vir em quinto, o Yahoo em sétimo e o Blogger em décimo. Deveria ser motivo de orgulho verificar que o Google em português ocupa a segunda colocação, e o Google em inglês, a sexta; que a Wikipedia (17ª) possui, proporcionalmente, mais visitantes brasileiros que americanos; e que o pôquer e o golfe não têm vez entre nós.”

Cada um a seu modo, André Dahmer - cujo quadrinho está em seu site Malvados (aqui) - e Sérgio Augusto, autor do texto “Laptop, baralho & filantropia” citado acima - publicado no jornal O Estado de S. Paulo, do dia 15 de janeiro (aqui) - expressam uma preocupação recorrente: o “mau” (por vulgar, estúpido, dispersivo, inútil...) uso da tecnologia.

Todo educador que usa tecnologias enfrenta essa questão: o quê permitir e o que proibir (em situação escolar), e como explicar (ou não) essas decisões?

Um dado da realidade que norteia a prática de muitos professores diz respeito aos objetivos da situação pedagógica que leva ao uso das TIC. A partir disso, de modo mais ou menos democrático, negociam eventuais usos extraordinários (e-mail, orkut etc.) das tecnologias existentes.

Essa é, sem dúvida, uma diretriz válida. Porém, é importante - ao mesmo tempo - ter flexibilidade e inteligência para, de certo modo, tentar dar um caráter educativo a demandas de uso aparentemente mais pessoais ou voltadas ao entretenimento. Isso é importante, sobretudo, quando estas têm também potencial de expansão cultural do estudante, por exemplo, o e-mail ou o blog. Claro, se esses recursos estão inseridos em projetos, é melhor ainda.

Outros usos são mais polêmicos - o interesse por pornografia, por exemplo. Mas se uma escola verifica um interesse por esse tipo de material (ou sites preconceituosos, xenófobos etc.), talvez seja importante (além de proibir o acesso) oferecer esclarecimento sobre os prejuízos e distorções existentes naquilo que os estudantes, porventura, tenham mostrado interesse. Naturalmente, um procedimento como esse depende bastante da análise de cada caso. Porém, há um fato evidente: com a expansão do acesso à rede e a abertura de lan-houses a preços acessíveis, muito do material que o estudante não poderá ver na escola, se quiser, verá em outro lugar.

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