sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A escola e a exclusão digital


A figura acima, com base em dados do INEP, mostra os percentuais crescentes (e bastante desiguais entre os sistemas de ensino públicos e o privado) de utilização de computadores nas escolas do Brasil. Ela faz parte do interessante artigo Exclusão digital e educação no Brasil: dentro e fora da escola, de Bernardo Sorj e Julie Remold.

Este trabalho discute a relação entre a educação, o uso do computador e da Internet, e a desigualdade social, em particular entre pobres urbanos no Brasil. A partir da observação e entrevistas em escolas de uma cidade de médio porte, aborda o uso das tecnologias da informação no sistema escolar. Depois, apresenta resultados de pesquisa sobre a penetração de TIs em comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro. Ao fim, desenvolve considerações gerais sobre a escola e a questão da exclusão digital. Uma das conclusões é a seguinte:
Uma política para universalizar o acesso à Internet deve ter como objetivo primordial a rede educacional, já que esse é o único local que pode ser efetivamente alcançado pela maioria da população. (p. 18)
É um trabalho bastante sério e interessante, ao discutir os temas que relacionam a escola e o uso das tecnologias de informação. Seguem, abaixo, alguns trechos significativos:
Assim como na maior parte do mundo, a decisão de que as escolas brasileiras devem ter computadores para uso educacional antecipou-se a muitas decisões importantes sobre como os computadores seriam usados. Por mais de 10 anos, o governo promoveu e financiou computadores em salas de aula com orientações limitadas de uso.
O trabalho de campo de entrevistas e observação dos participantes nas salas de aula de uma cidade brasileira de médio porte revelam que os computadores às vezes acabam sendo desperdiçados ou mal utilizados. (p. 5) [...]

Em geral, os professores que usam os computadores estão satisfeitos sobre como o uso da tecnologia melhora a auto-estima do aluno, o seu interesse na escola e a sua motivação. [...] Alguns professores acreditam que os benefícios de auto-estima trazidos aos alunos por si só já justificam as suas atividades no computador, e quase todos os professores conseguem propor projetos no computador como prêmios pelo árduo trabalho em outras áreas.
Porém, a maioria de usos do computador, em geral, não contribui para realização de seus objetivos educacionais das escolas. Muitos professores sabem disso, e a resistência para usar os computadores ou restringindo-se as formas que eles julgam mais adequadas, ilustra não somente as limitações de horário e recursos, mas também as limitações de sua experiência com o conhecimento de abordagens alternativas ao ensino. (p. 7)

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