segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Mapas conceituais - I


De um modo geral, mapas conceituais, ou mapas de conceitos, são apenas diagramas indicando relações entre conceitos, ou entre palavras que usamos para representar conceitos. [...]

Embora normalmente tenham uma organização hierárquica e, muitas vezes, incluam setas, tais diagramas não devem ser confundidos com organogramas ou diagramas de fluxo, pois não implicam seqüência, temporalidade ou direcionalidade, nem hierarquias organizacionais ou de poder. Mapas conceituais são diagramas de significados, de relações significativas; de hierarquias conceituais, se for o caso.
Mapas conceituais podem seguir um modelo hierárquico no qual conceitos mais inclusivos estão no topo da hierarquia (parte superior do mapa) e conceitos específicos, pouco abrangentes, estão na base (parte inferior). Mas esse é apenas um modelo, mapas conceituais não precisam necessariamente ter este tipo de hierarquia. Por outro lado, sempre deve ficar claro no mapa quais os conceitos contextualmente mais importantes e quais os secundários ou específicos. Setas podem ser utilizadas para dar um sentido de direção a determinadas relações conceituais, mas não obrigatoriamente.

Pode-se, então, definir certas diretrizes para traçar mapas conceituais como a regra das figuras, mencionada antes, ou a da organização hierárquica piramidal, mas são diretrizes contextuais, i.e., válidas, por exemplo, para uma pesquisa um para uma determinada situação de sala de aula. Não há regras gerais fixas para o traçado de mapas de conceitos. O importante é que o mapa seja um instrumento capaz de evidenciar significados atribuídos a conceitos e relações entre conceitos no contexto de um corpo de conhecimentos, de uma disciplina, de uma matéria de ensino. Por exemplo, se o indivíduo que faz um mapa, seja ele, por exemplo, professor ou aluno, une dois conceitos, através de uma linha, ele deve ser capaz de explicar o significado da relação que vê entre esses conceitos.

Uma ou duas palavras-chave escritas sobre essa linha podem ser suficientes para explicitar a natureza dessa relação. Os dois conceitos mais as palavras-chave formam uma proposição e esta evidencia o significado da relação conceitual. Por esta razão, o uso de palavras-chave sobre as linhas conectando conceitos é importante e deve ser incentivado na confecção de mapas conceituais, mas esse recurso não os torna autoexplicativos.

Mapas conceituais devem ser explicados por quem faz o mapa; ao explicá-lo, a pessoa externaliza significados. Reside aí o maior valor de um mapa conceitual. É claro que a externalização de significados pode ser obtida de outras maneiras, porém mapas conceituais são particularmente adequados para essa finalidade. (destaque nosso) [...]

Seguramente, tudo o que foi dito até aqui sobre mapas conceituais pode dar idéia de que é um recurso instrucional de pouca utilidade porque é muito pessoal e difícil avaliar (quantificar). De fato, de um ponto de vista convencional, mapas conceituais podem não ser muito atraentes nem para professores, que podem preferir a segurança de ensinar conteúdos sem muita margem para interpretações pessoais, nem para alunos habituados a memorizar conteúdos para reproduzi-los nas avaliações. No ensino convencional não há muito lugar para a externalização de significados, para a aprendizagem significativa. Mapas conceituais apontam em outra direção, requerem outro enfoque ao ensino e à aprendizagem."

A longa citação do trabalho de Moreira (1997), acima, detalha características dos mapas conceituais, evidenciando a ancoragem desse instrumento numa teoria cognitiva da aprendizagem significativa (Ausubel).

O mesmo autor (com Rosa, 1986) discute também, mais simplificadamente, a questão dos MC e, com maior profundidade, aspectos da "aprendizagem significativa" de viés crítico, abordando também os mapas (Moreira, 2005).

A utilização dos mapas também é pensados a partir de outros referências teóricos, como a teoria piagetiana, como ocorre no trabalho de Dutra et al. (2004), de onde foi retirada a figura do MC que ilustra esse post (de um momento inicial da construção do mesmo).


Referências

DUTRA, Ítalo Modesto; FAGUNDES, Léa da Cruz; CAÑAS Alberto J. (2004). Uma proposta de uso dos mapas conceituais para um paradigma construtivista da formação de professores a distância. In: X WIE - Workshop sobre Informática na Escola, 2004, Salvador-BA. Disponível em <http://mapasconceituais.cap.ufrgs.br/producoes/arquivos_producoes/producoes_5/mapas_prof.pdf> . Acessado em 23/11/2007.

MOREIRA, Marco Antonio (2005). Aprendizagem significativa crítica. Porto Alegre: Instituto de Física, UFGRS. Disponível em <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/apsigcritport.pdf>. Acessado em 24/11/2007.

MOREIRA, Marco Antonio (1997). Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. Porto Alegre: Instituto de Física, UFGRS. Disponível em <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf>. Acessado em 25/11/2007.

MOREIRA, Marco Antônio e ROSA, Paulo (1986). Mapas Conceituais. Cad. Cat. Ens. Fis., 3 (1): 17 a 25, abril. Acessado em 26/11/2007. Disponível em <http://www.fsc.ufsc.br/ccef/port/03-1/artpdf/a3.pdf> . Acessado em 26/11/2007.

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