segunda-feira, 19 de maio de 2014

Entrevista de Pierre Lévy
Dores e delícias do universo cibercultural


Alexandre Quaresma

Com as tecnologias e tecnociências estamos construindo um mundo novo, realmente extraordinário. Referimo-nos a algo que foge totalmente do contexto trivial, comum e habitual, mas que também, de certa maneira, foge de nosso controle social. Se esse mundo que construímos tecnicamente será admirável ou não, no sentido huxleyano do termo, cabe-nos, como sociedade esclarecida que o ergue e funda, indagá-lo.

Aldous Huxley (1894-1963) foi um importante escritor inglês que, entre outros livros, escreveu Admirável mundo novo, publicado em 1932. Trata-se de uma obra de ficção científica cacotópica antológica, na qual o mundo futuro, totalmente tecnologizado, e a própria civilização tecnológica em si criam uma superestrutura tão extraordinária que, simplesmente, absorve a esfera humana da existência das pessoas, que, assim, sofrem com manipulações genéticas profundas e controle social vertical e centralizado.

Muitas das realidades e conjunturas descritas no referido romance já são realidade, hoje, ou estão a caminho de sê-lo, e essas tecnologias, por mais extraordinárias que nos pareçam a princípio, sempre trazem, também, consequências de outra ordem, ou seja, inesperadas, imprevisíveis, aleatórias, incontroláveis; enfim, elas não são e nem poderiam ser, apenas, benéficas às sociedades.

A comunicação simbólica, que começa com a palavra e continua com a escrita e outras mídias, é uma dimensão essencial da vida humana. O fato de essa comunicação passar pelo canal de um smartphone, um tablet ou um PC, ao invés de uma folha de papel ou uma tela de televisão ou cinema, é, efetivamente, secundário.

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