quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Ciclo de palestras: o cordel brasileiro


A Biblioteca Belmonte, em Santo Amaro, Temática em Cultura Popular, apresenta de 9 de novembro a 7 de dezembro ciclo de palestras com artistas e especialistas em cordel. Veja a programação:

Introdução à história do aparecimento do cordel no Brasil
Com Lucineide Vieria
No final do séc. 19 e início do séc. 20, a cidade do Recife, era o centro cultural e político do Nordeste Brasileiro. A sua Faculdade de Direito recebia os pensadores e literatas que construiriam a cultura brasileira: Castro Alves, Tobias Barreto, Ireneo Joffily, Sílvio Romero e Augusto dos Anjos, entre outros. Paralelamente, um grupo de poetas oriundos do sertão e da Zona da Mata paraibana começou a publicar em rústicos folhetos seus poemas longos e paródias, pensando o dia a dia do povo trabalhador da futura metrópole: era o cordel que surgia pelas mãos de Leandro Gomes de Barros, Silvino Pirauá de Lima, Francisco das Chagas Batista e João Martins de Ataíde.
Dia 9 de novembro às 10h

Aspectos internos do cordel brasileiro
Com Josué Gonçalves de Araújo
O cordel brasileiro é uma forma poética fixa e exige de seu autor o conhecimento de sua engrenagem e funcionamento. O poeta necessita conhecer: a estrofação do poema (sextilhas, septilhas e décimas); o verso fundamental cordelístico: o setessílabo; noções de rima e ritmo (rima toante e soante), acentuação dos versos; o aparecimento do acróstico como assinatura do poeta; elementos extraídos das obras épicas clássicas; invocação, oferecimento e trama; o que é um personagem em cordel (exemplos: João Grilo, Cancão de Fogo, José do Telhado, Donzela Teodora); e os casos de amor.
Dia 16 de novembro às 10h

O cordel em São Paulo
Com Varneci Nascimento
Desde a segunda metade do séc. 20 que a cidade de São Paulo viu o cordel sendo impresso e distribuídos em suas ruas e levados para venda no Nordeste. A Editora Prelúdio foi a primeira a se interessar pelas histórias de cordel. Com a presença do poeta Manoel D’Almeida Filho coordenando suas ações, transformou- se na grande voz cordelística brasileira. A Editora Luzeiro, sucessora da Prelúdio consolidou a prática e começou a reunir poetas e público amante dessa arte poética. Passado o tempo, a contemporaneidade viu surgir a Caravana do Cordel como movimento fundador de novo pensamento sobre o cordel agregando poetas e pesquisadores.
Dia 23 de novembro às 10h

O que é (e o que não é) cordel
Com Aderaldo Luciano
É muito comum colocar todas as formas de poesia oriundas do Nordeste sob o mesmo nome de cordel, entretanto há diferenças essenciais que a distinguem em vários aspectos. O repente dos cantadores improvisadores violeiros, o coco de embolada, o poema matuto, a rezas e benditos, as canções e os poemas curtos de inspiração bucólica ou de gracejo, todos são confundidos e colocados lado a lado no mesmo leito. O cordel difere de todos em sua textura poética, cultural e linguística. O seu produto escrito difere dos seus primos orais. O papel é seu suporte mais legítimo desde sua origem no Recife, impresso em máquinas tipográficas elétricas ou pequenos prelos manuais. Com o aparecimento da xilogravura passou-se, com o tempo, a confundi-la com o cordel. O próprio folheto terminou por assumir posto de sinônimo do cordel, mesmo quando este tomou para si suportes mais robustos.
Dia 30 de novembro às 10h

Síntese histórico‐literária do cordel
Com Nando Poeta
Desde a época dos fundadores que o cordel teve, claramente, momentos poéticos e episódicos que o consolidaram na história nacional. Leandro Gomes de Barros e seus principais folhetos; João Martins de Ataíde e a confusão na autoria de seus cordéis; Francisco das Chagas Batista e a criação da Popular Editora; a querela do Pavão Misterioso; a escrita de José Pacheco colocando Lampião no Inferno; Manoel D’Almeida Filho encontrando a Prelúdio e publicando seus clássicos; a crise no início dos anos 80; a retomada gloriosa no séc. XXI; a escrita feminina autenticando seu espaço; as academias, as associações, seus erros e acertos; novas editoras na cena cordelística.
Dia 7 de dezembro às 10h

Foto: Diego Dacal/Wikipédia.

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