terça-feira, 28 de abril de 2009
Manipulação e mídias
Na semana passada o blog de Luis Nassif destacou numa postagem (aqui) o vídeo acima.
É um trabalho realizado por alunos de uma escola estadual em Jacarezinho, Paraná. O jornalista diz que que eles entenderam "perfeitamente como os recursos da edição são utilizados para a manipulação da informação".
De fato, esse tipo de trabalho que a escola pode fazer estimula uma educação para a mídia, para o consumo crítico das mensagens, importante.
Porém, é preciso não esquecer que a "manipulação" - no sentido próprio ao termo - é inerente às linguagens. Nenhum discurso (inclusive o midiático) é pura cópia do "real". Ele sempre dá uma nova expressão - "engendra", "forma" ou "maquina", como detalha o Aurélio -, ou seja, "manipula" o mesmo.
É claro que a manipulação midiática pode ter contornos muito negativos (a deformação mentirosa, a calúnia...), mas é interessante, para não ser ingenuamente crítico, perceber esse aspecto expressivo da natureza das linguagens.
A arte, com frequência, trabalha a ambiguidade entre o real e a reconstrução deste que efetua; principalmente o audiovisual, que parece decalcar a realidade com mais força. Um exemplo, bastante poético, é o filme curto do diretor David Cronenberg, Câmera (2000), abaixo. É só no fim que entendemos a natureza da "manipulação" efetuada, e é difícil não lembrar do poema de Fernando Pessoa, sobre o poeta como fingidor.
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