sábado, 22 de março de 2008

Jornalismo e educação

É impressionante a ingenuidade que os jornalistas por vezes revelam ao cobrirem temas de educação (na verdade, é até uma questão de raciocínio lógico). O exemplo atual é a chamada para matéria da Folha de S.Paulo, a partir de dados do Saresp 2007, de ontem (21/03): “Período integral não melhora o desempenho”. O título interno da reportagem ficou como: “Em SP, ensino integral não melhora nota de alunos” (disponível on-line aqui).

Por que - talvez até com boa intenção - a reportagem é equivocada ou no mínimo incompleta? Porque ela tira uma conclusão que não é suportada pelos dados apresentados, isto é, um levantamento que mostra que “das 60 escolas com período integral na capital, apenas quatro tiveram notas superiores às médias das demais unidades de suas regiões”.

É claro que esse levantamento estatístico é importante e diz algo de interesse, mas ele não suporta a idéia de que o período integral não provocou (ou pode provocar) melhora. O que seria mais correto e significativo seria a comparação (via os próprios dados do Saresp) da situação das escolas antes da adoção do período integral e depois.

A variável “número de horas na escola” é uma entre tantas a justificar o desempenho dos estudantes em termos de aprendizado. Portanto, para dizer se houve “melhora” ou “piora” é preciso comparar a própria escola no tempo e não escolas diferentes sincronicamente.

É possível que o resultado não fosse tão “bombástico” e sensacional (e certamente seria mais trabalhoso produzir a matéria assim), porém informaria bem melhor os leitores - pais, educadores e demais cidadãos.

Postado por Richard Romancini

2 comentários:

  1. Cony na rádio cbn am sp, é cético em relação às pesquisas, e fica claro o "porque" de sua contrariedade, no caso dos dados saresp2007, folha de s.paulo, é comum jornalistas, reporteres cometerem equívocos grosseiros, pois, educação não é momento, é processo, assim sendo ter um olhar integral sobre a educação nos últimos 10 anos é fundamental, a escola de tempo integral analisada de forma isolada, pode através do texto com uma visão "míope" desinformar a sociedade, que anda desconfiada do ensino público, resultados existem, mas como disse é processo, o que infelizmente nem imprensa nem governo com suas "políticas públicas" respeitam e por vezes não entendem!

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